terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Textos próxima aula: dia 20

Pessoal,

Nossa próxima aula será dia 20. Os textos indicados para esse encontro já estão disponíveis no xerox da Tetê. São eles:

* Paulo Freire. "Esclarecimento". In: ____. Educação como prática da liberdade.
* Ernani Maria Fiori. Prefácio - Aprender a dizer a sua palavra. In: Paulo Freire. Pedagogia do Oprimido.
* Leonardo Boff. Prefácio. In: Paulo Freire. Pedagogia da Esperança.


domingo, 2 de dezembro de 2012

Próximo encontro: dia 6/12

Tema: Contextualização histórica e biográfica

Texto indicado: José Murilo de Carvalho. Cidadania no Brasil, p. 126-153 (A vez dos direitos políticos 1945-1964)

Sugestão: quem puder trazer materiais (textos, imagens, vídeos, música, etc) que retratem o período histórico entre 1950 e 1970, no Brasil e no mundo.

Tradução das notas da “Pedagogia do Oprimido”


Referência: Pedagogia do Oprimido. 42 ed. rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005

PRIMEIRAS PALAVRAS

p. 24, nota 2 (Hegel)
And it is solely by risking life that freedom is obtained... The individual, who has not staked his life may, no doubt, be recognized as a person; but he has not attained the truth of this recognition as an independent self-consciousness

E é apenas arriscando a vida que a liberdade é obtida... O indivíduo que não apostou sua vida pode, sem dúvida, ser reconhecido como uma pessoa, mas ele não alcançou a verdade desse reconhecimento como uma auto-consciência independente.

CAPÍTULO 1

p. 39, nota 4 (Hegel)
The truth of the independent consciousness is (accordingly) the consciousness of the bondsman

A verdade da consciência independente é (nesse sentido) a consciência do servo.

p. 40, nota 5 (Hegel)
the one is independent, and its essential nature is to be for itself; the other is dependent and its essence is life or existence for another. The former is the Master, or Lord, the latter the Bondsman

um é independente e sua natureza essencial é ser-para-si, o outro é dependente e sua essência é a vida ou a existência para o outro. O primeiro é o Mestre, ou Senhor, este último o Servo.

p. 44, nota 8 (Lukács) [no corpo do texto]
Il doit, pour employer les mots de Marx, expliquer aux masses leur propre action non seulement afin d’assurer la continuité des expériences revolutionnaires du prolétariat, mais aussi d’activer consciemment le développement ultérieur de ces expériences

ele deve, nas palavras de Marx, explicar às massas a sua própria ação, não só para assegurar a continuidade das experiências revolucionárias do proletariado, mas também para ativar conscientemente o desenvolvimento posterior dessas experiências.

p. 56, nota 19 (Memmi)
How could the colonizer look after his workers while periodically gunning down a crowd of  the colonized? How could the colonized deny himself so cruelly yet make such excessive demands? How could he hate the colonizers and yet admire them so passionately? (I too felt this admiration, diz Memmi, in spite of myself)

Como o colonizador podia, ao mesmo tempo, cuidar de seus trabalhadores e metralhar periodicamente uma multidão colonizada? Como o colonizado podia, ao mesmo tempo, se recusar tão cruelmente e se assumir de maneira tão excessiva? Como ele podia ao mesmo tempo detestar o colonizador e admirá-lo apaixonadamente? (Aquela admiração que, diz Memmi, apesar de tudo, eu sentia em mim).

CAPÍTULO 2

p. 76, nota 8 (Niebuhr) [no corpo do texto]
the violence of a strike by workers and (can) call upon the state in the same breath to use violence in putting down the strike

a violência de uma greve de trabalhadores e (podem) requerer ao Estado, no mesmo instante, o uso da violência para pôr abaixo a greve

p. 77, nota 9 (Jaspers)
The reflexion of consciousness upon itself is as self-evident and marvelous as is its intentionality. I am at myself; I am both one and twofold. I do not exist as thing exists, but in an inner split, as my own object, and thus in motion and inner unrest

A reflexão da consciência sobre si mesma é tão auto-evidente e admirável quanto é sua intencionalidade. Eu estou em mim mesmo; eu sou tanto eu quanto um duplo. Eu não existo como uma coisa existe, mas numa cisão interna, como o meu próprio objeto e, portanto, como movimento e agitação interior.

CAPÍTULO 3

p. 97, nota 8 (Mao)
Vous savez que je proclame depuis longtemps: nous devons enseigner aux masses avec précision ce que nous avons reçu d’elles avec confusion.

Você sabe o que eu digo há muito tempo: devemos ensinar às massas com precisão exatamente o que delas recebemos de maneira confusa.

p. 98, nota 10 (Mao)
Pour établir une liaision avec les masses, nous devons nous conformer a leurs désirs. Dans tout travail pour les masses, nous devons partir de leurs besoins, et non de nos propres désirs, si louables soient-ils. Il arrive souvent que les masses aient objetivement besoin de telles ou telles transformations, mais que subjetivement, elles ne soient conscients de ce besoin, qu’elles n’aient ni la volonté ni le désir de les réaliser; dans ce cas, nous devons attendre avec patience; c’est seulement lorsque, à la suite de note travail, les masses seront, dans leurs majorité conscients de la nécessité de ces transformations, lorsqu’elles auront la volonté et le désir de les faire aboutir ou’on pourra les realiser; sinon, l’on risque de se couper des masses. (...) Deux principes doivent nous guider: premièrement, les besoins réels des masses et non les besoins nés de notre imagination; deuxiement, les désir librement exprimé par les masses, les resolutions quelles ont prises elles memes et non celles que nous prenons à leur place.

Para estabelecer uma ligação com as massas, temos de nos conformar aos seus desejos. Em todo o trabalho para as massas nós devemos partir de suas necessidades, e não dos nossos próprios desejos, mesmo se eles são louváveis. Acontece muitas vezes que as massas têm objetivamente necessidade de tais e tais transformações, mas que subjetivamente elas não estão conscientes dessas necessidades, elas não têm nem a vontade nem o desejo de realizá-las; neste caso devemos esperar com paciência, é apenas quando, na sequência do desenvolvimento do trabalho, as massas estiverem em sua maioria conscientes da necessidade dessas transformações, quando elas tiverem a vontade e o desejo de fazê-las que se poderá realizá-las; senão, corre-se o risco de separar-se das massas. (...) Dois princípios devem nos guiar: primeiro, as necessidades reais das massas e não as necessidades nascidas da nossa imaginação; em segundo lugar, o desejo livremente expresso pelas massas, as resoluções que são tomadas por elas mesmas e não aquelas que nós tomamos em seu lugar.

p. 124, nota 28 (L. Goldman) [no corpo do texto]
Real consciousness is the result of the multiple obstacles and deviations that the different factors of empirical reality put into opposition and submit for realization by this potential consciousness

A consciência real resulta de múltiplos obstáculos e desvios que os diferentes fatores da realidade empírica opõem e infligem à realização dessa consciência [máxima] possível.

CAPÍTULO 4

p. 148, nota 6 (L. Goldman)
The epochs during which the dominant classes are stable, epochs in which the worker’s movement must defend itself against a powerful adversary, which is occasionally threatening and is in every case solidly seated in power, produce naturally a socialist literature which emphasizes the ‘material’ element of reality, the obstacles to be overcome, and the scant efficacy of human awareness and action

As épocas em que as classes dominantes são estáveis, épocas em que o movimento dos trabalhadores deve se defender contra um adversário poderoso, que é uma ameaça constante e que está solidamente assentado no poder, produzem naturalmente uma literatura socialista que enfatiza o elemento «material» da realidade, os obstáculos a serem superados, e a reduzida eficácia da consciência e ação humanas.

p. 156, nota 13 (Petrovic)
A free action (diz Gajo Petrovic), can only be one by which a man changes his world and himself. (...) A positive condition of freedom is the knowledge of the limits of necessity, the awareness of human creative possibilites. (...) The struggle for a free society is not a struggle for a free society unless through it an ever greater degree of individual freedom is created

Uma ação livre (diz Gajo Petrovic) é apenas aquela pela qual um homem muda o seu mundo e a si mesmo. (...) Uma condição positiva da liberdade é o conhecimento dos limites da necessidade, a consciência humana das possibilidades criativas. (...) A luta por uma sociedade livre não é uma luta por uma sociedade livre a menos que por ela um grau cada vez maior de liberdade individual seja criado.

p. 160, nota 16 (Memmi)
By his accusation (diz Memmi, referindo-se ao perfil que o colonizador faz do colonizado), the colonizer establishes the colonized as being lazy. He decides that lazinesse is constitutional in the very nature of the colonized.

Por sua incriminação (diz Memmi, referindo-se ao perfil que o colonizador faz do colonizado), o colonizador estabelece o colonizado como sendo preguiçoso. Ele decide que a preguiça é constitutiva da própria natureza do colonizado.

p. 182, nota 32 (Althusser)
Cette réactivation serait proprement inconcevable dans une dialeticque dépourvue de surdétermination

Esta reativação seria propriamente inconcebível numa dialética desprovida de sobredeterminação.



Plano de Ensino da disciplina


Disciplina: “Questões filosóficas: Pedagogia do Oprimido (Paulo Freire)”
Dia/Horário: quinta-feira, de 19 às 22:30h
Local: sala 8, ICHS/UFMT
Carga Horária: 60 h/a
Professor responsável: Rodrigo Marcos de Jesus
Departamento de Origem: Filosofia

Ementa:
Abordagem sistemática da obra Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire. Contextualização histórica e teórica. Análise estrutural, temática e interpretativa. Repercussões do pensamento freireano e diálogos possíveis com outras teorias e práticas sociais.

Objetivos:
Estudo, na íntegra, da obra Pedagogia do Oprimido. Investigação do contexto histórico e teórico do livro, de sua estrutura e conceitos fundamentais e de seu lugar dentro da produção intelectual de Paulo Freire. Discussão das repercussões e interfaces do legado freireano em algumas correntes teóricas, movimentos sociais e políticas públicas.

Conteúdo programático:
·    Contextualização histórica: a América Latina, sobretudo o Brasil, nos anos 1950-70; democracia e ditadura; desenvolvimentismo e libertação
·  Contextualização teórica: existencialismo, personalismo, marxismo, fenomenologia, hegelianismo, isebianismo, escolanovismo e psicanálise humanista na construção do pensamento freireano
·      Estrutura geral da Pedagogia do Oprimido e conceitos fundamentais: leitura e análise dos 4 capítulos da obra
·        Repercussões e interfaces do legado freireano na:
Filosofia da Libertação (Enrique Dussel);
Teologia da Libertação (Leonardo Boff, Rubem Alves);
Teatro do Oprimido (Augusto Boal);
Epistemologia do Sul e Pós-colonialismo (Boaventura de Sousa Santos)
Política Nacional de Educação Popular em Saúde
Movimentos Sociais (Movimentos de Alfabetização; MST; Fórum Social Mundial e outros) 

Avaliação:
Resoluções: CONSEPE 14/99 e CONSEPE 27/99
Decisões Específicas – Colegiado de Curso de Filosofia
Será aprovado(a) o(a) aluno(a) que obtiver média final igual ou superior a 7,0 (sete).

FORMAS DE AVALIAÇÃO:
* Seminário (grupo) – 10 pts.
* Ensaio (individual) – 10 pts.
* Relatório de discussões (coletivo) – 10 pts.

Seminário + Ensaio + Relatório/3 = Nota Final