Trecho
selecionado do capítulo 1 da obra Pedagogia do oprimido 36ª ed, pgs 41-42*
“A
pedagogia do oprimido, como pedagogia humanista e libertadora, terá dois
momentos distintos. O primeiro, em que os oprimidos vão desvelando o mundo da
opressão e vão comprometendo-se, na práxis, com a sua transformação; o segundo,
em que, transformada a realidade opressora, esta pedagogia deixa de ser do
oprimido e passa a ser a pedagogia dos homens em processo de permanente
libertação.
Em
qualquer destes momentos, será sempre a ação profunda, através da qual se
enfrentará, culturalmente, a cultura da dominação. No primeiro momento, por
meio da mudança da percepção do mundo opressor por parte dos oprimidos; no
segundo, pela expulsão dos mitos criados e desenvolvidos na estrutura opressora
e que se preservam como espectros míticos, na estrutura nova que surge da
transformação revolucionária.
No
primeiro momento, o da pedagogia do oprimido, objeto da análise deste capítulo,
estamos em face do problema da consciência oprimida e da consciência opressora;
dos homens opressores e dos homens oprimidos, em uma situação concreta de
opressão. Em face do problema de seu comportamento,de sua visão do mundo, de
sua ética. Da dualidade dos oprimidos. E é como seres duais, contraditórios,
divididos, que temos de encará-los. A situação de opressão em que se “formam”,
em “realizam” sua existência, os constitui nesta dualidade, na qual se
encontram proibidos de ser. Basta, porém, que homens estejam sendo proibidos de
ser mais para que a situação objetiva em que tal proibição se verifica seja, em
si mesma, uma violência. Violência real, não importa que, muitas vezes,
adocicada pela falsa generosidade a que nos referimos, pó que fere a ontológica
e histórica vocação dos homens – a do ser mais.”
* elaborado por Aline Martins
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