FREIRE,
Paulo. Pedagogia do Oprimido. 47ª Ed.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. pág.66*
(...), a
educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são depositários e o
educador o depositante.
Em lugar
de comunicar-se, o educador faz “comunicados” e depósitos que os educandos,
meras incidências, recebem pacientemente, memorizam e repetem. Eis ao aí a
concepção “bancária” da educação, em que a única margem de ação que se oferece
aos educandos é a de receberem os depósitos, guarda-los e arquiva-los. Margem
para serem colecionadores ou fichadores das coisas que arquivam. No fundo,
porém, os grandes arquivados sãos os homens, nesta (na melhor das hipóteses)
equivocadas concepção “bancária” da educação. Arquivados, porque, fora da
busca, fora da práxis, os homens não podem ser. Educador e educandos se
arquivam na medida em que, nesta distorcida visão da educação, não há
criticidade, não há, transformação, não há saber. Só existe saber na invenção,
na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que os homens fazem
no mundo, com o mundo e com os outros. Busca esperançosa também.
Na visão
“bancária” da educação, o “saber” é uma doação dos que se julgam sábios aos que
julgam nada saber. Doação que se funda numa manifestações instrumentais da
ideologia da opressão – a absolutização da ignorância, que constitui o que
chamamos de alienação da ignorância, segundo a qual esta se encontra sempre no
outro.
* elaborado por Marizeth
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